Tratamento de Superfície - As sete causas mais comuns de acidentes na galvanoplastia
26 de junho de 2021

Tratamento de Superfície - As sete causas mais comuns de acidentes na galvanoplastia

Alguns temas são atuais e não saem do nosso radar, incêndios e acidentes são comuns na galvanoplastia. Trabalhamos com produtos muito diversos e cabe aos profissionais conhecer suas caracterísitcas e periculosidades para orientar os operadores e prevenir acidentes.

Listamos aqui as sete causas mais comuns de acidentes na galvanoplastia:

1- Aquecedores elétricos (resistências) em tanques plásticos ou revestidos com plástico. Os aquecedores elétricos usados para aquecer os banhos galvanicos tem uma " zona quente" cuja dimensão depende das dimensões do tanque de trabalho. É importante que esta "zona quente seja mantida sempre abaixo do nível da solução do tanque de trabalho. Se esta zona quente estiver fora da solução, ela aquece também o material plástico das proximidades; pode acontecer deste plastico ficar tão quente a ponto de inflamar-se; ou derreter escoando a solução iniciando um incendio através da combustão deste material. As recomendações são: a) Colocar sensor de temperatura com termostato para evitar que a temperatura aumente acima do desejado. b) Colocar sensor de nível de banho (geralmente com o aquecimento da solução ela evapora e o líquido pode baixar do nível da zona de aquecimento). c) Realizar inspeções periodicas. d) Dispositivo de proteção no aquecedor evitando contato direto do aquecedor com o tanque

2- Incêndios elétricos - Instalações com fiação provisória; circuitos sobrecarregados; retificadores com cabos de extensão inadequados; tomadas e fios fora de especificação são as causas mais comuns de incendios, não somente nas instalações galvânicas mas em grande parte dos incêndios de domicílios e industrias. Segundo a ABRACOPEL - Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade; choques elétricos e incêndios por sobrecarga de energia são as causas principais de acidentes causados pela eletricidade. As recomendações são: a) O atendimento às normas de instalação; b) Inspeção regular dos circuitos.

Foto: Anuario ABRASCOPEL 2021

3 - Solventes inflamáveis - Os solventes são ótimos, sobretudo para limpeza das peças antes dos banhos, no entanto são produtos muito inflamáveis e exige armazenamento em recipientes adequados. As recomendações são: a) Proteja os tanques de limpeza contendo solventes inflamáveis de acordo com as normas. Isto significa instalar unidades extintoras de incêndio compatível, drenos e manter local ventilado; usar recipientes, com segurança, para pequenas operações manuais de limpeza; b) Não usar solvente inflamável em equipamento desengraxante a vapor; c) Não fumar neste local; d) Manter o solvente em uso mínimo necessário para o trabalho; e) Usar ferramentas que não soltem fagulhas (feitas de alumínio, latão ou bronze); f) Usar os equipamentos de proteção individual adequados. (www.ddsonline.com.br/seguranca/como-manusear-solventes-inflamaveis)

4- Solventes não inflamáveis - Os solventes não-inflamáveis podem causar incêndios em consequência de reação exotérmica com agentes oxidantes fortes, como o cloro, ácido crômico, ácido nítrico e peróxidos. Durante o seu uso, podem acumular um excesso de ácidos graxos, inflamáveis ou esgotar o teor de estabilizantes; ficando sujeitos à combustão espontânea. As recomendações são: a) Armazenamento adequado do solvente; b) Seguir as orientações de segurança de acordo com cada fabricante.

5- Combustão espontânea - Determinados materiais podem incendiar-se por um processo químico denominado "combustão espontânea". Nas instalações de tratamentos de superfície podem ocorrer por exemplo mistura de tintas nos filtros das cabines de pintura. Os filtros das cabines de pintura por pulverização podem acumular sólidos de diferentes tintas. Algumas combinações como epóxis, lacas, alquídicos e outros veículos podem originar incêndios a medida que os filtros envelhecem e os solidos das tintas secam. As recomendações são: a) Armazenamento adequado dos meios de filtração de tintas; b) Destruição típica destes resíduos por incineração; c) Unidades de recuperação eletroliticas com os cuidados exigidos e longe de outros materiais combustíveis ou reativos.

6- Reações de Oxidação/Redução - Os oxidantes podem reagir com materiais combustíveis que incluem os produtos químicos, que sob certas condições, podem originar incêndios. Os oxidantes mais comuns nas instalações de tratamentos de superfície são: Cloro; peróxidos; permanganato; hipoclorito, ácido perclórico; ácido nítrico; ácido sulfúrico; persulfatos, percloratos. As recomendações são: a) Armazenamentos dos materiais oxidantes afastados de todo produto não oxidante; b) Cuidados na mistura e combinação dos oxidantes com outros produtos químicos; c) Madeira, papel e tecidos não devem entrar em contato com substãncias oxidantes, a não ser em condições controladas e temporárias.

Foto: ANAPP - Associação Nacional de Empresas e Profissionais de Piscinas -esses diferentes produtos quando misturados podem reagir entre si liberando gases tóxicos principalmente cloro gás entre outros. As vezes essa reação pode resultar até em explosão e incêndio.

7- Produtos Químicos - Existem produtos químidos utilizados em tratamentos de superfície que podem dar origem a incêndios, explosões ou outros desastres. Alguns exemplos: a) Ácido acético: Considerado substância inofensiva e fraca; no entanto quando misturados com carbonatos, nitrato de amônio, peróxido de hidrogênio, ácido nítrico e certos fosfatos podem ocasionar misturas explosivas. b) Acetileno: Utilizado em soldagem e em laboratórios analíticos como o AAS; formam compostos explosivos em contato com hipoclorito de cálcio, prata ou cobre em pó. c) Carvão ativo: O pó de carvão ativo ( e quase todos os outros pós) podem constituir risco de explosão caso seja bastante denso ou se uma chama ou faísca o inflamar. O carvão ativo é um produto químico orgânico que reagirá de modo extremamente violento caso seja adicionado a soluções contendo oxidantes fortes, tais como ácido crômico, ácido nítrico ou percloratos. Recomendação: Nunca sucumba à tentação de tratar com carvão ativo soluções que contenham oxidantes. d) Amônia: O potencial de desatre da amônea é principalmente seu odor extremamente irritante quando ocorre liberação por vazamentos e combinação com produtos como cloro. A inalação pode provocar danos severos ao sistema respiratório. e) Cloro: Formação de misturas explosivas com acetileno, amônia ou hidrogênio gasosos. Gás cloro em contato com carvão ativo pode inflamar-se. f) Cianetos: Usados com muita frequência nas galvanoplastias, acidentes são quase sempre em função da geração de gás venenoso devido à mistura acidental com um ácido. Os cianetos já tiveram discussão à parte em outras publicações (veja abaixo link da mesa redonda promovida pela ABTS). g) Ácido Clorídrico: Quando este ácido é misturado com permanganato de potássio, pode ocorrer uma explosão violenta. Misturas de ácido clorídrico concentrado com ácido sulfúrico concentrado podem resultar na liberação súbita de um volume de gás que excede 200 vezes o volume de ácido. O derramamento de grandes quantidades deste ácido exige evacuação, em virtude da liberação de gases tóxicos. h) Peróxido de Hidrogênio (água oxigenada): Caso um material combustível (tal como vestimentas) impregnado com peróxido seja seco, ele pode incendiar-se. O peróxido tem a tendência de decompor-se no recipiente, originando uma pressão que é liberada subitamente quando aberto. Caso seja misturado acidentalmente com certos solventes, tais como acetona ou etanol, ou com ácido acético ou carvão ativo; podem ocorrer explosões. O Peróxido também reage violentamente com ferro, latão, cobre, monel e outros metais. i) Hidróxido de Sódio: Produto muito usado nas galvânicas, o risco de erupção quando em soluções com altas concentrações; por exemplo oxidação negra; e a altas temperaturas pode haver formação bolsões de vapor que expulsa quase toda a lixívia do tanque e a esparrama em todas as direções. j) Hipoclorito de sódio: Muito usado no tratamento de efluetnes, este material libera oxigênio durante o armazenamento, aumentando a pressão dentro do recipiente. Uma acidulação acidental liberará cloro gasoso tóxico e provavelmente exigirá a evacuação lo local. (TS64/94-Dr. Alfredo Levy).

Grande parte do material deste post está no texto escrito e adaptado pelo Dr. Alfredo Levy na revista Tratamento de Superfície 64/94, que cita também artigo do Frank Altmayer - Revista Plating and Surface Finishing e a Harzadous Laboratory Chemicals Disposal Guide (Guia para Laboratório de disposição de produtos químicos perigosos).

Cianetos - O socorro nos casos de envenenamento por cianeto Tema de discussão em mesa redonda da ABTS com vários especialistas, entre eles o Dr. Antony Wong:

https://wilmaatsantos.com.br/2021/01/19/o-socorro-nos-casos-de-envenenamento-por-cianeto/

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

Possui graduação de Bacharel em Ciências com Habilitação em Química e Atribuições Tecnológicas pela Faculdade de São Bernardo do Campo (FASB), 1980. É Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), 2011. Atua na ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície desde 1994, foi presidente na gestão 2010-2012, foi coordenadora do EBRATS 2015 - 15º Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície e IV INTERFINISH Latino Americano, foi Diretora Cultural nas gestões 2004-2006 e 2007-2009, atualmente é vice Diretora Cultural. É consultora técnica e representante comercial.

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