12 de janeiro de 2021
Como a nossa indústria irá se reorganizar pós-pandemia?
Este texto foi publicado na revista Tratamento de Superfície - Palavra da ABTS - edição 220 de Julho de 2020. Naquele momento não poderíamos imaginar que após alguns poucos meses de franca recuperação, tudo voltaria tão depressa ao patamar anterior e a preocupação se extenderia por mais alguns meses. Mas a expectativa de vacinas (que chegue logo) traz uma nova luz e esperamos que em 2021 possamos realmente superar os grandes desafios que nos foram impostos. Aproveite para ver (na edição digital da revista - link abaixo) os outros temas abordados nesta revista que é o retrato da nossa industria de tratamentos de superfície.
https://abts.org.br/images/img-publicacoes/tratamento_de_superficie-220/rts-220.pdf
Como a nossa indústria irá se reorganizar pós-pandemia? Qual o maior legado desta experiência indesejada que nos foi imposta?
A Pandemia está no ponto de queda real. Ao que tudo indica o pior já passou.
Está na hora de discutir o que faremos a partir de agora e como iremos retomar nossas atividades. O primeiro passo é verificar quais foram os estragos principais, depois nos preparar para este “Mundo Novo” que iremos viver a partir de tamanho tombo. E esta crise, causada pelo COVID-19 foi silenciosa, invisível, imprevisível e implacável, não poupou ninguém. Mas também podemos buscar o lado otimista e ver qual é o legado que esta Pandemia nos traz. Vale lembrar que os grandes saltos de desenvolvimento da humanidade, sempre se deu em situação de desconforto e “crise”.
Segundo Pietro Labrida da TIM em um artigo na Folha de São Paulo, a COVID 19 está nos obrigando a ter “coragem digital”, a fazer uso das ferramentas novas, da maneira de trabalhar e de relacionar com nossos colaboradores e clientes. A tecnologia já estava presente mas refutávamos usá-la ostensivamente, agora fomos obrigados a implementar e rapidamente empresas, escolas, congresso, sociedade...tudo teve de ser adaptado para continuarmos a nos comunicar mesmo que remotamente. E esta mudança agora já se torna irreversível, pudemos ver que trabalhar “home office”, fazer videoconferências, ensino à distância funciona. Imaginem o ganho de custo de transportes, tempo de locomoção, acomodação e qualidade do ar que iremos ganhar somente com estas mudanças, mesmo que em menores proporções. Com certeza, para a área comercial o contato físico da visita comercial não deve ser substituída completamente, mas serão visitas muito mais produtivas e com propósitos reais.
O Brasil tem vocação para o agronegócio, área em que temos mostrado muita competência e podemos melhorar muito mais, e o agronegócio puxa também a nossa indústria de Tratamentos de Superfície, pois junto com o plantio em larga escala vem as máquinas, os equipamentos, colheitadeiras, irrigadores, sistemas de armazenamento, empacotamento, etc. Na edição passada a Revista TS entrevistou Luiz Cornacchionni, ex-Diretor executivo da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio que ressalta o papel do Agronegocio para o crescimento e manutenção do nosso país. Nesta frente desde 2019 a ABTS vem se aproximando deste segmento de mercado levando curso de capacitação sobre um problema novo que a tecnologia trouxe ao mundo agro que é a corrosão das máquinas e equipamentos nos ambientes rurais. Este tema resultou em novo curso – Especificação de Tratamentos de Superfície para Minimizar a Corrosão em Ambiente Rural - que foi elaborado pelos nossos professores especialistas e irá dar grande contribuição para este segmento de mercado. Também a ABTS vem se preparando para ministrar nossos cursos online.
Outro movimento que irá acelerar serão as novas fontes de energias e substituição dos combustíveis fósseis através dos veículos híbridos ou elétricos que certamente irão gerar novas demandas de tratamentos de superfície a exemplo do que ocorreu há algumas décadas com a implementação do álcool como combustível. Segundo nosso ex-presidente da ABTS Antonio Carlos Sobrinho “A área de nanotecnologia ainda tem muito a colaborar nos tratamentos de superfície, com camadas mais finas e mais eficientes. Também camadas autodepositáveis, como evolução das que temos no mercado hoje, conseguindo resultados até superiores ao processo E-coat”. Ou seja, muitas mudanças que geram trabalho e desenvolvimento do setor.
Também a cadeia do mercado decorativo de jóias e bijuterias pode se fortalecer buscando insumos e produzindo peças localmente uma vez que já existe uma cadeia completa e bem estruturada deste segmento e os altos valores de cambio do dólar podem inviabilizar as importações e ajudar a indústria local a se reestruturar. O Brasil já tem vários polos industriais de bijuterias fashion e de produtos mais sofisticados conhecidos como “folheados” ou “semi-jóias” que estão localizados em Limeira - São Paulo; em Guaporé - Rio Grande do Sul e Juazeiro do Norte no Ceará. Este segmento atende a várias classes sociais de consumo destes produtos e podem se ajustar à nova era, inclusive exportando produtos que já são reconhecidos como de excelente qualidade.
Por fim é necessário entendermos que a tecnologia já estava mostrando suas vantagens, a nova ordem é a implementação da Indústria 4.0. A revolução da indústria 4.0 é ter um “olhar diferente” sobre como as coisas funcionam e usar todas as novas tecnologias para “fazer diferente“, como tantas coisas tão burocráticas que muitos empresários ainda exigem dos subordinados, quando hoje há tantas ferramentas disponíveis e “online”.
Esta Pandemia veio para acelerar o pouco uso que fazemos das tecnologias, fomos induzidos (obrigados) a fazer treinamento acelerado para poder simplesmente comunicar e manter o contato com os nossos parceiros, clientes, amigos e até família... e o resultado? Estamos aprendendo a fazer bom uso desta grande ferramenta de transformação.
Este é o grande desafio das empresas sejam elas grandes, médias ou pequenas. Mas principalmente de nós como profissionais e indivíduos buscar integração com as novas tecnologias e não ter “medo” de adentrar neste admirável mundo novo.