28 de julho de 2018

Alergia à bijuterias e folheados

Alergia à Bijuterias e Folheados (Artigo publicado na Revista brilho Fashion em 11/2005) Muitos generalizam o processo alérgico e se dizem: “alérgicos à “bijuterias”, mas a causa real é quase sempre o contato com o metal níquel. Seja em revestimentos galvânicos, parte de ligas de metais como o aço, a própria joia de ouro ou simplesmente o contato com sais e soluções contendo níquel é suficiente para desencadear uma reação alérgica que muitas vezes se estende por todo o corpo e não somente nas partes em que houve o contato com o metal. Casos mais comuns da manifestação deste processo em peças (em peças banhadas a ouro, o processo alérgico acontece, mesmo que o níquel seja camada intermediária): - Alergia ao uso de pulseira de relógio - Alergia ao contato de bijuterias em geral, brinco em especial - Alergia ao contato com botões e zipers - Alergia ao uso de “piercing” - Contato com produtos químicos O problema deste metal é tão difundido que na Europa, após uma pesquisa constatando que em torno de 26% da população feminina e 11% da população masculina desenvolve esta alergia, foi proibido o uso do níquel em qualquer artigo que tenha contato direto com o corpo, mesmo que este metal esteja nas camadas intermediárias (como é o caso do banho de níquel utilizado em bijuterias douradas, botões, zipers, armações de óculos, pulseiras de relógio e artigos decorativos em geral). De acordo com o Dr. David Cohen da Universidade New York de Medicina; a incidência desta alergia aumentou da década de 80 para finais de 90 nos Estados Unidos; de 10% para 14,3%. Segundo a Academia Americana de Dermatologia, este aumento de 43% é preocupante e tem a sua causa no aumento da popularidade no uso do “piercing”, Com o aumento da popularidade do uso do “piercing” A incidência de alergia aumentou 43% nos EUA Uma forma simples de testar a presença de níquel nos artigos metálicos é a partir de um “Kit” de teste que consiste de dois componentes, o dimetilglioxima e o hidróxido de amônia, uma gota destes dois componentes são colocados na superfície do objeto, com um cotonete é friccionado suavemente. Se o algodão branco do cotonete adquirir uma coloração rósea é constatado a presença de níquel, se permanecer branco então não há níquel. Mesmo a joia de ouro cujo teor abaixo de 12 K ou ligas de ouro branco, pode conter níquel na sua liga e desencadear o processo alérgico. Muitas indústrias de jóias já vem desenvolvendo ligas de ouro para substituir este metal. Não há porém, uma lei brasileira restringindo o seu uso. Artigos com revestimentos de ouro, prata, ródio Os produtos mais populares que levam acabamento com metais preciosos são as bijuterias e os chamados “folheados” ou “chapeados”. Geralmente, quanto mais barato é o produto maior a necessidade do banho de níquel, devido à espessura de ouro muito baixa empregada no topo do revestimento. Neste segmento, a aplicação do banho de níquel é muito importante pelas suas características de proteção, nivelamento e brilho. Apesar de não haver uma lei brasileira regulamentando o uso do níquel, muitas empresas no Brasil já vem substituindo ou eliminando esta camada. As opções de substituição são muitas, porém com algumas dificuldades porque a vantagem da aplicação da camada de níquel é muito grande, se considerar a dureza do depósito, o grau de brilho e nivelamento que se atinge e o baixíssimo custo deste banho. Muitas empresas de bijuterias “folheadas” têm simplesmente abolido o banho de níquel e aplicam o banho de ouro diretamente sobre a camada de cobre, porém há um risco muito grande se considerar a migração do cobre na superfície dourada. Esta prática só é indicada se a espessura da camada de ouro for grande (acima de 2 microns – unidade métrica), suficiente para evitar a migração. Substitutos para níquel Paládio – Aplicar uma camada de paládio antes da camada de ouro foi uma prática muito comum anos atrás quando o metal tinha um custo significativamente mais barato, e apesar da camada de paládio não apresentar aumento de brilho nem nivelamento, características fortes do níquel; o paládio é um metal que auxilia muito quanto à resistência à corrosão, e a função de brilho e nivelamento poderia ser obtido no banho de cobre ácido. Prata – A camada de prata aplicada como camada intermediária têm algumas vantagens como o fácil controle do banho de prata (só um metal), a camada obtida pode ser muito brilhante, e a dureza pode ser incrementada com adição de endurecedores organo-metálicos. Porém a prata, além de ter um custo maior, é um metal que tem afinidade com enxofre e suas combinações, escurecendo a a superfície dourada. Uma camada de ouro muito fina como as empregadas em bijuterias, fivelas ou botões não dariam cobertura de ouro suficiente para proteger a prata destas reações. Bronze – Este depósito é hoje o mais empregado para a substituição do níquel, sendo uma liga de estanho, cobre e em alguns casos zinco; obtém-se camada branca ou amarela muito brilhante, dura e com certa resistência a corrosão. A tarefa maior é no controle do processo, uma vez que se faz necessário controlar a co-deposição de três metais e mais os seus abrilhantadores, tarefa muito fácil no banho de níquel, que controla só um metal – o níquel. É necessário uma estrutura de laboratório e testes em células para controlar o bom desempenho deste banho. Verniz Eletroforético ou Cataforetico – O verniz é uma proteção muito grande, bastante popular para o acabamento de ouro em bijuterias, armações de óculos e outros artigos. Sua proteção assegura uma maior durabilidade ao uso, como também evita o contato direto do metal com a pele, servindo assim como uma barreira de proteção; diminuindo assim o risco de desencadear o processo alérgico enquanto a proteção permanecer na superfície do objeto.
WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

WILMA AYAKO TAIRA DOS SANTOS

Possui graduação de Bacharel em Ciências com Habilitação em Química e Atribuições Tecnológicas pela Faculdade de São Bernardo do Campo (FASB), 1980. É Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), 2011. Atua na ABTS - Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície desde 1994, foi presidente na gestão 2010-2012, foi coordenadora do EBRATS 2015 - 15º Encontro Brasileiro de Tratamentos de Superfície e IV INTERFINISH Latino Americano, foi Diretora Cultural nas gestões 2004-2006 e 2007-2009, atualmente é vice Diretora Cultural. É consultora técnica e representante comercial.

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